A infancia
Movimentos Sociais, Participação e Democracia
25 a 27 de abril de 2007, UFSC, Florianópolis, Brasil
Núcleo de Pesquisa em Movimentos Sociais - NPMS
ISSN 1982 -4602
A infância não reconhecida: as crianças “de rua” como atores sociais
Rita de Cássia Marchi.
(Doutoranda PPGSP –UFSC. Professora de
Sociologia da FURB - Blumenau/SC). email: rt.mc@bol.com.br
Introdução:
A Sociologia tem, tradicionalmente, excluido a infância e as crianças como objeto de estudo. No entanto, a dimensão social e política da construção da infância/criança moderna e a autonomia conceptual destas categorias têm sido evidenciadas pela Sociologia da Infância
(SI), campo de estudos que vem se consolidando na arena cientifica desde os anos 90, no movimento de “retorno do ator” à cena teórica a partir do fim do “consenso ortodoxo”
(Giddens, 1989) em fins dos anos 60.
As resistências hoje oferecidas a autonomia conceitual da infância e da criança
(como objetos de estudo por direito próprio e não apenas como “variáveis” das sociologias da família e da educação) podem, no entender de alguns especialistas, ser equiparadas às resistências com que se debateram, tempos atrás, os estudos feministas na “descoberta” do gênero como categoria conceitualmente autônoma. Embora as Ciências Sociais tenham dado provas de uma crítica e sistemática desmistificação das ideologias dominantes do capitalismo em relação à classe social, do colonialismo em relação à raça e do patriarcado em relação ao gênero, o fato é que as Ciências Sociais, até agora, tem se mantido relativamente silenciosas no que diz respeito à infância.
A tarefa de “descoberta” da infância/criança como categorias sociais autônomas, tenha estado à cargo da SI, mas este é um movimento que diz respeito à toda a Sociologia pois trata-se aqui da compreensão, em relação à infância, de questões sociológicas clássicas como as relações entre a reprodução/transformação social, ator/estrutura,