A Indumentária do Abaporu
Em um espaço visto como grande marco para avanços políticos e discussões de cunho estudantil, inclusive sendo sede em 1962, 1971, 1973, 1993, 2001, 2003, 2005, 2011 e 2013 do Encontro União Nacional dos Estudantes, a Praça Universitária, localizada na capital de Goiás, Goiânia, sucumbe à máxima do desolamento humano, sua acomodação social, suas instâncias de amoralidade e consequentemente a morte de um possível eu-cidadão, salientando deste modo, um acontecer endêmico em outras praças, becos, ruas, cidades, mas antes de tudo em nós mesmos. Afinal, por onde anda os cidadãos?
No decorrer de uma noite abafada de sexta-feira, em uma cidade que não dispõe de muito a gozar além de bares e prazeres arremessados pelo instantâneo, a praça universitária começa a formar sua silhueta. Pessoas de todos os lugares, bairros, muitos estes sendo bastante afastados deste setor, mas todos atraídos com a fama marginal do lugar que transcorreu as redondezas e que atinge os espaços inenarráveis da própria internet, como sendo um lugar de livre comércio de drogas – o atual aplicativo “Cannabis”, disponibilizado para iphones e androides, mapeiam nas principais cidades ao redor do mundo, pontos para viajantes comprarem sua erva, neste mesmo aplicativo o local delimitado à cidade de Goiânia é a Praça Universitária. Com o cheiro de carbura da erva que ultrapassa os limites da praça e que presenteia qualquer transeunte que caminha do outro lado da rua ou que passe de carro, a praça tornou-se, de fato, um lugar para os prazeres noturnos. Ali se vive na penumbra, carece de iluminação, algo que as autoridades se inclinam a negar, onde caipirinhas são vendidas em bandejas e servidas por garçons, onde se vendem excelentes chocolates, sanduíches vegetarianos, onde jovens de classe alta sentam-se ao lado daqueles que, talvez jamais se aproximariam, aonde drogas são vendidas como frutas em feiras, com direito a escambo e negociação, onde muito se vê alguns cheirando