A importância de ler

“A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER”
É impossível ler essas divagações do Paulo Freire e não ser remetido à infância. A riqueza dos detalhes com que ele descreve a rotina da sua meninice faz com que sintamos saudades dos meus tempos de criança.
Nasci no interior do estado (Piracicaba) numa região da zona rural. Éramos uma família enorme, dez irmãos, e em consequência cedo percebi que meus pais não podiam dar muita atenção aos filhos. Penso que, a exemplo do Paulo Freire, essa foi uma das primeiras leituras que fiz do mundo.
Tive uma infância muito divertida. Quando Paulo Freire diz, “... as pintas negras da manga mais além de madura...”, sei exatamente o que ele quer dizer porque eu também vivi esse período.
Minha irmã mais velha é que sempre cuidou de mim em todas as minhas necessidades. Acostumei a chama-la de “irmãe”, pelo grau de desvelo que sempre me dedicou.
Antes da minha experiência com a leitura, recordo-me de algumas passagens engraçadas da minha infância. Nos degraus da escadaria da igreja, havia sempre propaganda escrita de lojas. Uma delas, da qual nunca esqueço era a da “Casas Pernambucanas”. Eu em minha precocidade copiava as letras como alguém que copia um desenho e então as pessoas adultas ficavam maravilhadas ao ver uma criança tão nova, sem ter frequentado a escola, já sabia escrever.
Na época que entrei no primário, só podia a partir do ano em que se completasse sete anos. Minha primeira cartilha “A Pata Nada”. A professora, Dna. Dirce mandou que copiássemos o texto que estava na primeira página da cartilha. Não tive dúvidas, sentávamos em dupla e meu parceiro era repetente. Colei tudo dele.
A leitura de mundo que fazemos depende do meio onde se vive a realidade, está intrinsecamente ligada às pessoas que compartilham o nosso universo, e é atrelada de forma tênue quase imperceptível ao meio social em que vivemos. Como professor de filosofia, sinto uma responsabilidade imensa ao me dirigir aos meus alunos e tentar mostrar