A Imaginação Sociológica em Sala de Aula
Natália Braga de Oliveira*
Incentivar os estudantes a olhar a vida cotidiana a partir dos pressupostos da Sociologia, os desperta para a reflexão e elucidação do cotidiano.
Após quatro anos da Lei 11.684/2008, que instituiu a Sociologia e a Filosofia como disciplinas obrigatórias no Ensino Médio, estas ainda se encontram em uma frágil posição neste nível de ensino; seja pelos discursos veiculados por grande parte mídia seja na carga horária reduzida em diversas matrizes curriculares. No entanto, a Sociologia – mesmo que
“nadando contra a corrente” – ainda é capaz de gerar nos estudantes uma “paixão” por seus métodos, conceitos e referências explicativas. Muito dessa “paixão” se deve à capacidade dos professores de incitar seus alunos a olhar o mundo pela perspectiva sociológica; a complexidade social que se revela aos estudantes através das “lentes” da sociologia os motiva a querer “desvendar” o mundo, estando relacionada àquilo que Wright Mills1 chamou de Imaginação Sociológica.
De maneira geral, alerta Mills, a nossa consciência é moldada pela nossa vivência cotidiana; as relações com vizinhos, família e amigos, constroem nosso olhar para a realidade. Raramente conseguimos pautar nossas ações a partir de referências mais amplas, históricas e sociais; as relações entre “homem e sociedade” e “biografia e história” não estão no centro de nossas preocupações habituais, seguimos nos guiando pelo imediato e próximo. Por outro lado, a tomada de consciência das influências sociais em nossas rotinas faz, por diversas vezes, que tenhamos a sensação de que estamos aprisionados a elas. Isto porque, as mudanças sociais se processam em um ritmo cada vez mais rápido e tem nos afetado de forma virulenta; assim, não nos sentimos capazes de escapar das mesmas. As usuais formas de agir e pensar são deixadas de lado em poucos anos, gerando nos indivíduos a sensação de incapacidade de compreender os novos