A ilha
A um quilómetro, a noroeste de Rebordelo, vê-se uma capela dedicada a N. Sr.a de Penha, cuja festividade se realiza em 15 de Agôsto, com a assistência de numerosos fiéis das povoações circunvizinhas. E o povo conta: Um dia apareceu a uma pastorinha Nossa Senhora a cavalo numa burra. E para perpetuar tão miraculosa aparição, ao atravessar o bojo lavado de uma rocha de granito, a burrinha deixou impressas nela as ferraduras, de onde manou límpida nascente. Pediu a Virgem à vidente dissesse ao povo que era seu desejo ser honrada naquele logar sob a invocação da Penha e como prova de benemerência daria à água a virtude de curar muitas e variadas moléstias A pastorinha comunicou radiante o feliz acontecimento e o povo erigiu em breve tempo a humilde capelinha, que teve, até há poucos anos, ermitão para a zelar e vigiar. Da casa do ermitão nada resta; a rocha, essa, lá está, humida da fresca linfa, a qual continuará por muitos anos a murmurar, um formoso hino de louvores à Virgem da Penha, e a dizer ao nosso bom amigo P.e António Rodrigues que não desanime no abrandamento das «rochas» de Rebordelo, porque, tendo até hoje, ressumado mais vinho do que água, a Penha, lhes fará brotar mais ardente fé que a dos seus longínquos antepassados… Esta lenda dos sinais da burrinha é contada em outras povoações da região. Em Travanca dizem que quando Nossa Senhora fugiu para o Egito passou pelo monte da Coroa, e, descançando da longa caminhada, colocou o menino sôbre uma fraga, na qual deixou gravados os pés e a burrinha as ferraduras. A fraga vê-se ainda hoje com estes sinais. A de Nuzedo de Cima tem duas cavidades a que o povo chama «malgas» e dois pés um maior do que outro. Conta também o povo que Nossa Senhora na sua fugida com o menino, sendo perseguida pelos inimigos, as palmeiras inclinavam os ramos até ao chão para lhes obstruir a passagem e que, milagrosamente, as ferraduras da calgadura se viraram às avessas e que os