A Ignor Ncia Da Arquitetura
É grande a disparidade do interesse do público pela arquitetura e outras artes como pintura, música, escultura e literatura. Uma pessoa culta se envergonharia de não conhecer um pintor do nível de Portinari, porém sente-se perfeitamente a vontade ao dizer não saber quem é Paulo Mendes da Rocha.
A arquitetura também é esquecida pela imprensa, enquanto filmes, livros, músicas e telas são assuntos de diversas matérias e colunas de jornais.
Da mesma forma que não existe uma propaganda adequada da boa arquitetura, também não existem instrumentos eficazes para impedir a realização de edifícios horríveis. A censura funciona para os filmes e para a literatura, mas não para evitar escândalos urbanísticos e arquitetônicos, cujas consequências são bem mais graves e mais prolongadas do que ad da publicação de um romance pornográfico.
No entanto, qualquer um pode desligar o rádio e abandonar os concertos, não gostar de cinema e de teatro e não ler um livro, mas ninguém pode fechar os olhos diante das construções que constituem o palco da vida e trazem a marca do homem no campo e na paisagem.
Se queremos de fato, ensinar a “saber ver a arquitetura”, precisamos antes de mais nada, nos propor uma clareza de método. O leitor médio que tem acesso aos livros de estética e de crítica arquitetônica fica horrorizado com a imprecisão dos termos: “verdade”, “movimento”, “força”, “vitalidade”, “sentido dos limites”, “harmonia”, dentre outros, São atributos da arquitetura que os diversos autores registram, muitas vezes sem especificar a que se referem. Todas têm certamente um lugar legítimo na história da arquitetura, mas com uma condição: que tenha sido esclarecida a essência da arquitetura.