A Ideologia nas Igrejas Evangélicas
A recente pesquisa da Forbes sobre o patrimônio dos mais conhecidos pastores protestantes brasileiros vem nos tocar naquele ponto tão crucial hoje, ao falarmos em igrejas protestantes: a dominação mental dos fiéis, e a consequente extorsão do seu dinheiro. Tanto que quando falamos ou ouvimos a palavra “crente”, é provável que nos venha à ideia uma pessoa ingênua, um Cândido de Voltaire. Contudo, classificar o crente de ingênuo talvez seja ingenuidade, quem sabe ele apenas seja um indivíduo, em dado momento, sujeito ao discurso evangélico ou, em um sentido mais amplo, ao discurso religioso. É necessário acuidade ao tratar da questão, principalmente no que concerne à sua dimensão ideológica. Louis Althusser, em Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado, mostra-nos a estrutura econômica como fator determinante da ideologia, que atuará com fins a expandir a visão de mundo das classes dominantes. A Igreja surge, então, como uma importante instituição no tocante a manter a ordem e o poder vigente, sendo assim um aparelho ideológico do Estado (AIE). Não esqueçamos, contudo, que a luta de classes, para Althusser, pode dar-se no próprio AIE. Assim como para Mikhail Bakhin/Volochínov a luta ocorria também no signo, na apropriação de seu significado por parte de interesses divergentes. Isso nos leva a pensar as igrejas evangélicas brasileiras como um campo de batalha ideológico? Não necessariamente. Ocorre que a mensagem religiosa pode sofrer outras interpretações e outras apropriações, que vão, por exemplo, em contradição ao costumeiro discurso sobre vitória econômica (tão valorizado por Silas Malafaia, por exemplo). Nas próprias redes sociais é possível ver reações isoladas, ressaltando o ideal de pobreza de Cristo ou, pelo menos, de aversão ao acúmulo desmesurado de capital. É dispensável dizer que a mensagem bíblica é interpretada de diferentes maneiras por tantos teólogos existentes. Basta ver parábolas como a da figueira seca