A Humanidade da violência
Não me recordo de um unico dia em que a violência não tenha estado presente na minha vida. Eu sei... Escrito assim pode causar algum espanto e até indignação. Contudo estou convicto que não falho na memória. Para mim a violência é algo global, comum, mas também pessoal. Não me refiro ao objecto da violência, mas sim à violência como objecto. O que eu considero como violento poderá não o ser para outro. Sendo assim, o que considero então eu violento? Simplesmente algo que me cause dano. Em qualquer dimensão da vida.
Posso dizer-vos que tenho preferências quanto à violência. Prefiro a violência psicológica à fisica, no sentido em que a primeira pode ser experimentada oniricamente ou em fantasia. A segunda já não. Contudo, é por demais aceite que as marcas mais profundas são causadas pela primeira. Mas a categorização da violência não se fica por aqui. Existem ainda a auto e hetero violência, elas próprias que também podem ser psicológicas ou fisicas. Também aqui confesso que tenho as minhas preferências. “Apenas” pelo facto de ter o lócus de controlo, ou a ilusão de tal, inclino-me mais para a “auto-violência”. E talvez, pensando bem, até seja esta mesmo a que mais afincadamente praticamos.
E por falar em prática da violência... Não acham que se um dia fosse possivel erradicar a violência do ser humano, não estariamos a erradicar “o” ser humano? E isso para a nossa espécie não seria uma violência? Atenção que não estou a advogar a perpetuação da violência ou a desadequação do conceito do aprimorar civilizacional. Limito-me a argumentar que a violência é em parte a base do que somos e do que nos constitui. Enquanto povos e enquanto individuos. E isso parece-me ser inegável.
Voltando à violência na minha vida: remetendo apenas para acontecimentos recentes digo-vos que não quis ver imagens do atentado de Boston, onde, pelo que me foi relatado, foi possivel observar corpos mutilados e membros decepados. E afastando do pensamento o