Resenha crítica: o princípio da não violência. jean-marie muller
Escrito em 1995 por Jean-Marie Muller, o livro “O princípio da não-violência” aborda uma necessidade bastante atual: a construção de uma sociedade que não esteja sob os moldes de uma cultura de ações violentas. Ao longo dos 15 capítulos que compõem a obra, o autor procura estruturar sua ideia, trazendo à tona grandes defensores desse princípio, como Gandhi, que através de seus atos pode confirmar a eficácia de uma ação não violenta em resposta à violência. Assim, Muller mostra que é possível abandonarmos essa cultura violenta, mas é preciso, antes de tudo, que o indivíduo creia na eficiência desse novo princípio, sabendo que ele não é uma utopia, mas sim uma opção real e muito mais benéfica para a sociedade.
Primeiramente, é preciso reconhecer que a compreensão do termo não-violência só pode ser alcançada, a princípio, se atentarmos para aquilo que lhe é contrário, ou seja, é preciso que entendamos a violência. Desta forma, a separação dos conceitos de conflito, agressividade, luta, força e coerção, do conceito de violência, se faz importante para uma melhor interpretação deste último. É preciso entender a dissociação existente entre este e aqueles, e levar em conta a importância daqueles como elementos estruturais das relações entre os indivíduos. Por isso, entende-se que diferenciados da violência, o conflito, a agressividade, a força, a luta e a coerção, tem espaço num contexto de não-violência.
É a partir da inclusão da violência no âmbito do conflito que se distorce toda a função deste e de seus componentes (força, luta, agressividade e coerção), ele deixa, assim, de cumprir sua finalidade, que é estabelecer a justiça entre os adversários. Isso se dá, pois a violência “nasce de um desejo ilimitado que se choca com o limite constituído pelo desejo dos outro” segundo o autor. Dessa maneira o fim último dela sempre será aniquilação.
Através da compreensão dos