A história do perfume
Queimar algo para liberar perfume é um recurso antiquíssimo. A própria palavra "perfume" sugere, aliás, sua origem fumegante. Tanto o português "perfume", como o francês parfum, o italiano profumo e o inglês perfume derivam efetivamente do latim fumus, talvez em uma referência às volutas de fumaça perfumada que subiam aos céus durante os ritos em homenagem aos deuses. As primeiras referências ao perfume remontam às antigas civilizações do Oriente Próximo, especialmente à do Egito. Os arqueólogos encontraram vasos de perfume de alabastro que remontam ao Terceiro Milênio antes de Cristo, e são numerosos os afrescos com cenas da vida cotidiana que mostram rituais do perfume. Os antigos egípcios reservavam fragrâncias para os mortos e os deuses, a ponto de instalarem dentro dos templos os laboratórios destinados à preparação desses perfumes. No laboratório do templo de Hórus, em Edfu, foi encontrada por exemplo, a receita das velas aromáticas que os sacerdotes acendiam na primeira oferenda da manhã às estátuas das divindades. O sebo, embebido em drogas aromáticas, era primeiro tingido de cor-de-rosa com raízes de alfena e, depois, era queimado lentamente. Mais tarde, queimavam-se resinas de terebinto e a fumaça subia aos céus para expulsar os espíritos malígnos. No final da cerimônia, o sacerdote espargia a estátua da divindade com óleos perfumados e a cobria com um véu.
Mas por que o perfume tinha um papel tão importante nos rituais propiciatórios dedicados aos deuses? Com cereza, porque era infinitamente mais valioso do que hoje. Assim, só podiam dispor dele os grandes sacerdotes ou os reis, que os reservavam aos deuses. No poema de Pen-ta-ur podemos ler a oração do faraó Ramsés ao deus Amon para que lhe conceda a vitória na batalha de Qadesh. Nesse trecho do poema, o rei relembra as oferendas ao deus, entre elas o sacrifício de 3 mil bois, ervas aromáticas e perfumes. Os egípcios acreditavam que seus pedidos e orações chegariam mais