A história da bíblia
É de ensino da Igreja Católica que as Sagradas Escrituras foram ditadas pelo próprio Deus como parte da Revelação, e escritas por homens sob Sua inspiração. Cabe, no entanto, uma pergunta interessante: a Bíblia, com seus 72 livros, sempre existiu por sua suficiência, ou foi preciso uma autoridade para promulgá-la? Em primeiro lugar, é preciso lembrar que nos primeiros séculos a Bíblia como hoje é conhecida não existia ainda. Alguns anos após a morte dos evangelistas, circulavam diversas versões dos textos do Novo Testamento, e havia realmente um grande problema: como saber quais eram os livros inspirados? Em outras palavras, como transformar o conjunto de livros escritos no periodo no cânon atualmente conhecido? Cabe perguntar, ainda, quem seria o responsável por tomar tal decisão. Esse questionamento era muito relevante na época, porque os bispos já começavam a combater as heresias surgidas da má interpretação das Escrituras, ou fundamentadas em textos de origem duvidosa. Quanto ao Antigo Testamento, não houve dúvidas: a Igreja, desde o começo, adotou o cânon da Septuaginta, que é uma tradução para o grego dos originais hebraicos feita no século III a.C. Esse conjunto, composto por 45 livros, foi utilizado pelos Apóstolos tanto em pregações orais quanto escritas, e por isso é de origem comprovada e confiável. Quanto ao Novo Testamento, em particular, é patente o papel da tradição apostólica. Segundo a Igreja, fatos e doutrinas transmitidos oralmente de um para outro, sob a inspiração do Espírito Santo, deram origem aos livros da Escritura, anos mais tarde. Em outros termos, antes de existir a Bíblia, existiu a Tradição que a formou, de origem apostólica. Efetivamente, em termos históricos e doutrinais, a Bíblia é a Tradição escrita. Bíblia e Tradição, portanto, precisam ter um valor equivalente, já que a primeira teve origem, em última instância, na segunda. Resta, no entanto, esclarecer o critério pelo qual se decidiu quais