A heterogeneidade no trabalho e no espaço
Presente na comida, as adaptações locais aparecem também em outros domínios, como o do trabalho.
Os cargos da carreira fast-foodiana não variam muito de um país a outro, mas a realização das tarefas diferem profundamente dependendo do contexto local. Na França, no Quicks, os seguranças são chamados de videurs, tendo como função capital colocar pra fora, gentilmente, os usuários que permanecem por muito tempo no interior da loja.
No Brasil, o segurança deve acima de tudo impedir que a massa de menores “abandonados” entrem no restaurante ou até mesmo que permaneçam extasiados diante da vitrine.
Observamos temas locais na decoração dos restaurantes, servindo a distinguir nitidamente um restaurante do outro numa tentativa de enraizá-lo no local. Por exemplo, no McDonald’s Clunny/Sorbonne, em Paris, a decoração nos faz sentir no interior de uma biblioteca: prateleiras expõem “livros” de edições antigas (apenas a lombada da capa) entre bustos de gesso de filósofos e escritores (Voltaire, Descartes), sob a iluminação dos característicos lustres verde escuros, como os da biblioteca Nacional ou da vizinha Sorbonne. Já o McDonald’s do Méier (uma estação ferroviária) no Rio de Janeiro, é decorado com motivos representando trens.
A disposição dos “móveis” – a metáfora é inadequada pois as mesas, cadeiras são imóveis nos fast-foods – obedece a esquemas demonstrando a grande variação das noções de organização do espaço. Algumas vezes, chega-se a extremos como em Portugal, onde alguns McDonald’s apresentam cadeiras ligeiramente inclinadas, propositalmente desconfortáveis, para induzir a um menor tempo de permanência no restaurante.
Na publicidade, encontramos topos “globalizáveis” (como por exemplo a “defesa da ecologia” ou a “caridade para com crianças com doenças crônicas”) isto é, temas que são disseminados nos diversos países através de agências publicitárias locais.
É necessário, portanto, relativizar a idéia de