A Globalização da Complexidade
Pós-modernismo e cultura do consumo (*)
Mike Featherstone Imaginemos um jovem estudante de pós-graduação começando a trabalhar em sua tese sobre o pós-modernismo. Ele vai fazer uma busca online nos bancos de dados informatizados e depara com milhares de entradas diferentes - talvez a mais antiga date do final dos anos 70. Mas isso já é suficiente para escrever uma história do pós-modernismo. Imaginemos agora que você está folheando ao acaso o livro de Bertens (1995), publicado no início do ano passado, quando vê, entre embaraçado e lisonjeado, que seu nome foi incluído, quase no fim do livro, como parte integrante dessa história. Não deixa de ser lisonjeiro porque, afinal de contas, você não foi esquecido, mas também é embaraçoso perceber que suas idéias foram incorporadas tão rapidamente à história. Mas, pensando bem, quem vai ler essa história no futuro? Talcott Parsons (1937), por exemplo, perguntava na introdução de The Structure of Social Action: “Quem hoje lê Herbert Spencer?” Mas, trinta anos depois, a situação se inverteu e uma geração mais jovem de seus colegas americanos é que indagava: “E quem hoje lê Talcott Parsons?” Será que nossos sucessores, daqui a trinta anos, não estarão também perguntando: “Quem hoje lê Jean Baudrillard, ou Jürgen Habermas, ou Anthony Giddens”? Entretanto, o problema mais premente de nosso jovem pesquisador pode não ser o da relevância histórica, no sentido da relatividade, mas o da seletividade: o que ele deve ler, o que deve deixar de fora, o que precisa entrar no seu modelo de análise, como construir esse modelo. Este é um dos aspectos do problema da complexidade a que aludimos no título deste artigo. A Internet exacerba o problema colocando ao nosso alcance uma quantidade enorme de bancos de dados, bibliografias e grupos de discussão por BBS (afinal; de quais grupos seria melhor participar - dos de Baudrillard, de Lyotard ou da cultura pós-moderna?). A imensa quantidade de informação