A fé inquebrantável do psicoterapeuta em si mesmo
A reflexão que apresento a seguir surgiu a partir de uma experiência pessoal como psicoterapeuta e pretendo apresentá-la de forma entrelaçada com minhas construções e desconstruções teóricas.
Diante do telefonema de um novo paciente que se dizia estar em crise de pânico e da complexidade que eu atribuía a este sofrimento, passei a pensar no caso, no pânico e na gravidade da situação que se apresentava. Fiquei preocupada se conseguiria atendê-lo, se saberia o que fazer, se teria intervenções corretas que poderia tirá-lo daquela situação de sofrimento que eu considerava tão difícil e cruel, e entrei eu também em estado de “pânico”. Onde estava minha segurança? Foram tantas as teorias que estudei e tantas que desconstrui ao longo do caminho, que me questionei se algo restava? Que instrumentos eram estes que eu aprendia e utilizava, mas que não conseguia colocar em palavras, objetivar, nomear? Que não acreditava ser capaz de dar suporte e aliviar tão grande sofrimento? Estava me sentindo desamparada, insegura e percebi que na verdade não confiava em mim.
Procurei por uma verdade, alguma teoria ou técnica que pudesse me assegurar que não falharia, que, independente de quem fosse aquele que se apresentasse diante de mim, eu saberia o que fazer. Buscava algo que me preparasse para estar diante do paciente. Não encontrava respostas, mas também não havia percebido que ainda não sabia qual era “A pergunta”. Eu havia me encontrado com meu pânico, com meus medos, mas quais seriam os medos do paciente?
Segundo Forghieri1, o psicólogo inicialmente pode ser tocado pelos sofrimentos de seu paciente, sentir o que é estar envolvido com as necessidades e ansiedades de alguém e perceber-se aflito e frustrado porque seus conhecimentos científicos não são suficientes para atender, de imediato, o apelo de seu paciente. Diante desta afirmação, alguns pontos merecem destaque, pois sustentam grande parte das ilusões do