A função social do historiador
Ao longo dos tempos, muitas têm sido as teorias em torno da existência, ou não, da função social do historiador. Inúmeros debates acalentaram as salas, os auditórios, os anfiteatros e todos os restantes espaços, onde foi dada a oportunidade de vozes apaixonadas, certas da sua existência e função elevarem-se em torno de uma meta – transmissão e informação de acontecimentos da humanidade. Mesmo que julgássemos a história incapaz de outros serviços, seria certamente possível alegar em seu favor que ela distrai. Ou, para ser mais exato – pois cada um procura as distrações onde lhe apraz –, tal se afigura, incontestavelmente, para um grande número de homens. Pessoalmente, tão longe quanto a minha memória abarca, a história sempre me divertiu muito. Como sucede com todos os historiadores, creio eu. De outro modo, por que razões teriam escolhido tal ofício? Aos olhos de quem não seja um tolo chapado todas as ciências são interessantes. Mas cada sábio quase só encontra uma cuja prática o divirta. Descobri-la, para se consagrar a ela, é o que se chama propriamente vocação.1
Foi na Antiga Grécia que surgiu a profissão de historiador, não sendo tão abrangente como nos dias que decorrem, que se foi ramificando gradualmente em várias vertentes. O historiador limitava-se a relatar viagens e feitos, sendo um mero cronista ou narrador. Esta limitação perdurou durante muitos séculos, até ao surgimento dos Humanistas, incitados por um período de enormes revoluções intelectuais - o Renascimento (sécs. XV e XVI). Este período abriu “portas” e preparou o mundo para acolher os novos ideais e transformações que iriam modificar o mundo de uma maneira nunca esperada pelo Homem.
A história seria então considerada disciplina a par das ciências e da arte, recebendo uma atenção por parte dos pensadores que até este período não tinham dispensado. Iniciam-se os debates…surgem novas teorias…e desde então a função social do historiador tem