O papel do historiador
O papel do Historiador
Todos temos uma noção, mais ou menos exata, mais ou menos profunda da história e dos heróis da antiguidade. O historiador, narrador de factos passados mais ou menos gloriosos, mais ou menos demonstrativos das vitórias e feitos, tinha o papel de levar até aos seus contemporâneos a descrição dos mesmos. De criar valores sociais comuns à sociedade que estudava. Contribuir para a criação de origens. Criar uma identidade comum. O modo como o fazia, a opinião pessoal, os gostos, o sentimento de nacionalidade, de pertença ou de propriedade levavam por vezes a que esse relato não fosse isento.
As descrições, por vezes fantasiosas, enalteciam factos, transmitiam a história socialmente adequada à mensagem que se pretendia fosse transmitida sem que se verificasse uma preocupação com a total veracidade dos factos.
O historiador tem assim, desde a antiguidade, um papel social. A função de procurar e transmitir conhecimento. Decifrar enigmas do passado. Da conduta humana. Explicar porque é que determinados factos aconteceram numa determinada época. Determinar quais as nossas origens, o nosso passado, quais as repercussões que este tem no presente ou as possíveis influências no futuro.
É isso possível? Serão os nossos atos, a nossa história, a nossa realidade uma espécie de continuidade, de produto dos factos passados? Estará o nosso futuro condicionado pelo que fomos, pelo que somos?
Não isento de influências, não afastado das condições sociais, económicas, políticas e históricas que o envolvem, que caraterizam a sociedade em que está inserido compete ao historiador averiguar a verdade dos factos. Conhecê-los, compreendê-los, transmiti-los. Se a história é por vezes enaltecida por grandes feitos, se é contada apenas pelo que os seus principais protagonistas desenvolveram, se é divulgada de um modo parcial ou tendencioso, o conhecimento que adquirimos desse passado, desse evoluir, pode não