A FUNÇÃO SOCIAL DA UNIVERSIDADE
Elias Boaventura
Este texto, sem a preocupação de aprofundamentos ou até de maior vigor conceitual, presta-se como provocação para uma reflexão mais profunda em torno da universidade.
Convém chamar inicialmente a atenção para o fato de que se está pressupondo que se trata de ver a universidade em uma sociedade de classes e, mais especificamente, no Brasil concreto, histórico, dados que explicam algumas das preocupações registradas.
Contudo, é um “pré-texto”: não passa disto, não pode ser visto de modo diferente.
TENDÊNCIAS HISTÓRICAS
Do ponto de vista histórico, as universidades têm sido agrupadas em dois grandes blocos, de acordo com a função que lhes são atribuídas: universidades do espírito ou liberais e universidades funcionais ou do poder.
No primeiro caso, encontra-se a universidade inglesa, com sua ênfase ao ensino, a alemã mais voltada para a pesquisa, e a norte-americana, caraterizada pelo seu pragmatismo e por se preocupar prioritariamente com desenvolvimento.
Os ingleses, que hoje já alteraram sua concepção de universidade, no passado enfatizaram: “A Universidade é um lugar de ensino do saber universal. Isso implica que seu objetivo é (...) a difusão e a extensão do saber antes que seu avanço. Se uma universidade tivesse por objetivo a descoberta científica e filosófica, não vejo por que ela devesse ter estudantes”. (DRÉZE,1983, p. 34)
Diferente postura assumiram as alemães, que condenaram abertamente o pragmatismo e priorizaram a pesquisa e um trabalho altamente seletivo com aqueles que poderiam se transformar em pesquisadores:
“Que busca da verdade prossiga, em toda parte, sem constrangimento, é um direito da humanidade como humanidade (...) A Universidade tem por tarefa procurar a verdade na comunidade dos pesquisadores e estudantes.
A universidade deve se dedicar aos melhores, a essa maioria de homens que são capazes de uma atividade intelectual desinteressada, que buscam não o