A fogueira
A velha estava na esteira, parada na espera do homem sai̍do no mato. As pernas sofriam o cansaco de duas vezes: dos caminhos idosos e dos tempos caminhados.
Procurou na penumbra o braco do marido para acrescentar forca naquela tremura que sentia. Quando a sua mao encontrou o corpo do companheiro viu que estava frio, tao frio que parecia que, desta vez, ele adormecera longe dessa fogueira que ninguem nunca acendera.
O ultimo aviso do corvo falador
Foi ali, no meio da praca, cheio de gente bichando na cantina Zuze paraza, pintor reformado, cuspiu migalhas do cigarro “mata-ratos”.
Depois, tossiu sacudindo a magreza do seu todo corpo. Entao, assim contam os que viram, ele vomitou um corvo vivo. O passaro saiu inteiro das estranhas dele. Embrulhado nos cuspes, ao principio nao parecia. A gente rodou a volta do Zuze, espreitando o passaro caido da sua tosse. O bicho sacudiu os ranhos, levantou o bico e, para espanto geral, disse as palavras. Sem boa pronuncia, mas com conviccao. Aceitando o aviso, os habitantes comecaram a abandonar a povoacao e sairam em grupos uns, sozinhos outros, e por muitos dias vaguearam errantes como as penas que o vento desmanchava na distancia.
O dia em que explodiu Mabata-bata
Narrativa que comeca com fatos aparentemente inconcebiveis para a logica racional de um boi explode e que quando ganham status de realidade verossimil e explicavel, imediatamente se torna surreal. O espanto nao cabia em Azarais, o pequeno pastor. Ainda ha um instante ele admirava o grande boi malhado, chamado de Mabata-bata. O bicho pastava mais vagaroso que a preguica. Era o maior da manada, regulo da chifraria, e estava destinado como prenda de lobolo do tio Raul, dono da criacao. Azarias trabalhava para ele desde que ficara orfao. Despegava antes da luz para os bois comessem o cacimbo das primeiras horas. Talvez o Mabata-bata pisara uma restia maligna do ndlati o tio, nao. Havia de querer ver o boi falecido, ao menos ser