A FAVELA É UM PROBLEMA SOCIAL
O verso cantado por Bezerra da Silva define com simplicidade a vida do que o IBGE denomina de “aglomerados subnormais”. Mas apesar do polêmico termo técnico, os dados do Censo 2010 sobre favelas, mocambos, palafitas, invasões e outras denominações regionais, não deixam margem a dúvidas sobre as condições de vida de grande parte da população brasileira.
Será possível dizer que somente 11,4 milhões de pessoas – ou pouco mais de 5% da população do Brasil – vivem em favelas? Qual a diferença de uma favela para um bairro na periferia, cabeças de porco ou conjuntos habitacionais de Recife, Belo Horizonte, Belém, São Paulo ou do Rio? O que, de fato, mudou no Brasil nos últimos anos para grande parte da sua população pobre?
A farra do crédito fácil, inaugurado nos governo do PT/Base Aliada, reforçou o acesso dos mais pobres a bens de consumo duráveis, como TV e geladeira. No entanto, o grande fosso social está na questão salarial e, sobretudo, no grau de instrução da população das comunidades de favela.
Em outras áreas pesquisadas em 2012 pelo IBGE 18,8% dos habitantes tinham rendimento médio per capta de até meio salário mínimo, mas nas favelas este percentual chegava a 31,6%. Na outra ponta da pirâmide, apenas 0,9% dos moradores das favelas tinham rendimento per capta de mais de cinco salários mínimos, enquanto nas demais áreas pesquisadas este percentual era de 11,2%.
Isso pode ser explicado por uma questão básica: a escolaridade. Nada menos que 56% dos moradores de favelas não tinham sequer o nível fundamental completo. Outros 20,5% tinham o nível fundamental completo e o nível médio incompleto. Apenas 21% dos moradores de favelas possuíam nível médio completo e superior incompleto. Restaram 1,6% dos moradores com nível superior completo.
Essas informações, que retratam o Brasil de 2010, revelam parte da tragédia social do nosso país. Através delas se pode ter a dimensão da realidade da grande maioria da população brasileira, que