A FAMÍLIA COMO LOCUS DE REPRODUÇÃO GERACIONAL DA VIOLÊNCIA
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Jacqueline Mary Soares de Oliveira1
Márcia Santana Tavares2
RESUMO
A reflexão com homens autores de violência doméstica contribui para discutir a dinâmica das gerações na reprodução da violência doméstica. Na contemporaneidade, ainda surgem debates sobre a família como base, estrutura e espelho das ações e condutas morais de seus descendentes, discurso eminentemente presente nos antigos estudos sobre a família e que fomentam o ideal simbólico desta estrutura como ponto fundante e seguro para os indivíduos. Pretende-se, aqui, registrar e analisar o contexto do trabalho de grupo focal desenvolvido com homens autores de violência doméstica, no que tange à representação simbólica das condutas dos membros de suas famílias. A fala de homens autores de violência doméstica e familiar, que respondem a processo na Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, em Salvador/Bahia, ganha corpo e traz o contexto controverso desta vivência, ajudando-nos a compreender as relações estabelecidas entre pais/mães, entre estes homens e seus pais/mães e, suas esposas/companheiras que sofreram violência, ao mesmo tempo em que nos permite desvelar a reprodução geracional da violência.
Palavras- chave: Família. Violência. Geração. Reprodução. Introdução
Muito ainda ouvimos falar da família como a “base de tudo”, inclusive a base das representações negativas e que terminam por contribuir na constituição do sujeito pensante e subjetivado. A compreensão de família ainda permeia o imaginário dos indivíduos como algo necessário e pulsante, o dever de ser e estar, o sentimento de pertença se constitui representando a inviolabilidade moral de seus membros. Não pretendo aqui fazer nenhuma alusão positiva ou negativa do contexto de família, nem mostrar os novos modelos que surgem na contemporaneidade, o embate não se limita à família. Pretendo refletir sobre as representações simbólicas passadas para