Ritual, Schechner e Performance
Regina Polo Muller
Regina Muller realizou uma experiência no seu estágio pós-doutoral com Richard Schechner, abordando a natureza da pesquisa desenvolvida pela autora, seus antecedentes e desdobramentos. Realizou trabalho de campo, tornando-se observadora participante do processo de criação da peça YokastaS, encenada no teatro La MaMa.
O seu papel no grupo era de observadora (observer) e também de antropóloga (anthropologist/observer). No século XX houve um grande crescimento da performance experimental surgindo como um novo género – a arte da performance (performance art). Podemos verificar que o teatro convencional ocupa apenas uma faixa na variada gama de novas abordagens que então surgiram e tiveram continuidade até aos dias de hoje, nas quais se conectam as artes, os rituais, as ações político-sociais e as comunidades locais. Muller chega a Schechner através de Victor Turner (1982,1988), que constituíam a antropologia da performance, parte da antropologia da experiência, segundo ele próprio. Esta proposição teórico-metodológica de Turner está fundamentada no drama como analogia da vida social e na ponte entre o ritual e o teatro, percurso que contou com a companhia de Schechner no final dos anos 1970, início dos anos 1980. Turner redigiu From ritual to theatre (1982) e Schechner escreveu From Ritual to Theatre and back (1988). A autora conheceu Turner a partir de Geertz (1993), para ele o conceito de “inscrição”, a fixação do sentido, é a chave para a transição da escrita como discurso para a ação como discurso. O conceito de “inscrição” diz respeito à contextualização histórico-social do discurso, ou seja a relação entre o discurso e as condições de produção de sentido. A proposta metodológica da análise do discurso está inscrita na perspetiva da enunciação (na linguística). Um dos percursores é Bakhtin, onde as reflexões dizem respeito ao “princípio dialógico”, isto é, ao carácter construtivo da interação