A exploração da madeira na amazônia
Por racismoambiental, 16/11/2012 11:07
Muito além da madeira
Comunidades ribeirinhas do Pará diversificam produtos e reduzem pressão na floresta
NO QUINTAL de sua casa, na comunidade de Jaburu, no Pará, Manoel Cordosvaldo de Souza, o Codó, mexe a massa de andiroba no fogareiro. Tomando o lugar das mulheres da casa, que tradicionalmente extraem o óleo da semente, ele garante parte do sustento do lar, que ainda é complementado por óleo de pracaxi e pela comercialização da menina dos olhos da região, o açaí. Foi assim que a família dele abandonou a extração de madeira. E é exatamente essa estratégia silenciosa que tem sido o principal instrumento de combate ao desmatamento na região. Se não há alternativa de renda, as famílias se voltam para a madeira. Mas, se há, elas, que vivem sob as árvores da floresta, não têm por que retirá-las.
- É misturar vários produtos. Esse é o jeito. Tira um pouco de cá, outro de lá, e não precisa tirar madeira. Hoje em dia a comunidade só derruba as árvores quando é uma emergência, quando o dinheiro falta – disse Codó.
A realidade é parecida na comunidade vizinha, a Ilha das Cinzas, no mesmo município, de Gurupá. Em 2011, os moradores foram ganhadores do Prêmio Finep de Tecnologia Social, por conta do Manejo Comunitário de Camarão de Água Doce. Se até a década de 1990 a madeira ainda era a renda principal no local, hoje são o açaí e o camarão que garantem prato cheio e o pagamento das contas.
A Ilha das Cinzas ganhou reconhecimento de assentamento agroextrativista e, com título de propriedade na mão, a comunidade conseguiu apoio para desenvolver projetos. As mudanças foram simples, mas a renda familiar locai dobrou, e a preservação da floresta cresceu, como explicou um dos mais antigos moradores, Antônio Braz de Oliveira, o Baixinho:
- Eu tirei foi muita madeira dessa floresta. A família inteira trabalhava cortando muita madeira, para ganhar apenas alguns trocados. As madeireiras sempre