A eterna busca do indivisivel
1. INTRODUÇÃO E MOTIVAÇÃO
Nosso interesse pela Física de Partículas teve como base dois tópicos que integram o currículo dos Cursos de Química Geral do 2º Grau: o estudo das regularidades das propriedades físico-químicas dos elementos naturais, que levaram à construção da Tabela Periódica de Mendeleiev, e o estudo dos modelos atômicos da Física Moderna. Apesar do seu caráter estático, da taxonomia dos elementos, sintetizada na Tabela de Mendeleiev, emerge um aspecto positivo e de grande relevância para o desenvolvimento da Ciência Moderna, i.e., a revelação da importância das simetrias, e de seu poder preditivo.
A beleza da experiência e das hipóteses de Rutherford, bem como do modelo atômico de Bohr, por outro lado, apontam em uma direção complementar, mas igualmente importante, que é o papel dinâmico das simetrias, marcante no desenvolvimento da Mecânica Quântica e da Física de Partículas.
Lançar mão de argumentos de simetria está intimamente relacionado ao não-saber (socrático), tão presente no processo da pesquisa científica mas, infelizmente, tão afastado do quotidiano das salas de aula. Deve-se, portanto, procurar explicitar o importante papel do estudo das simetrias na tentativa de compreensão da Natureza. Sugere-se que a história do conceito de átomo se presta muito bem a este propósito e deve ser explorada neste sentido.
Este artigo inclui algumas reflexões sobre o método científico e seu impacto na evolução da compreensão da constituição da matéria, ressaltando a diferença entre o átomo filosófico, produto do pensamento grego clássico, e o átomo científico, que teve origem na Química Moderna. Da eletrólise de Faraday à descoberta do nêutron, na década de 30, faz-se um esboço das contribuições da Física à conclusão de que o átomo não é indivisível. A seguir, aborda-se o período que vai do início da década de 30 à década de 60, quando foi possível estabelecer uma nova