a espera de um mig
O problema é que a luta pelo poder – e por sua manutenção – ao longo dos tempos é uma guerra sem quartel e sem regras, muitas vezes se confundindo com a história do crime.
A ocupação do território brasileiro, por exemplo, se fez às custas de entrega de parcela ilimitada de poder aos donatários, aos governadores. A um oceano de distância da metrópole, criou-se um clima propício à corrupção, em que o poder e a pessoa se confundiam e eram vistos como uma coisa só1
Sendo a honestidade um valor, sua aferição remete ao patamar de civilização de cada momento histórico. Assim, no Brasil, a honestidade já conviveu com escravidão, nepotismo, corrupção etc.
Em alguns países da Europa, até anos atrás, corromper não era crime. Desonesto, para a lei penal, era ser corrompido.
Assim, o que se vê, é que a honestidade convive com a valorização política da corrupção, criando uma cultura, se não de incentivo, pelo menos de tolerância a atitudes ilícitas.
De repente, alguns acontecimentos colocam em cheque essa contradição. Nesses momentos, a sociedade tende a reagir, exigindo normas mais duras contra o crime, seja ele de corrupção ou outro.
Segundo Sergio Ferraz, em recente conferência no Instituto dos Advogados de São Paulo, procuramos solucionar o problema da corrupção com normatividade, mas o que nos falta é uma ambiência cultural do valor