A escravidão africana
A sociedade brasileira formou-se e modificou-se sempre em função das necessidades e interesses econômicos do capitalismo. No século XVI, mais do que nunca, as potências européias precisavam acumular capital: a solução para se chegar a um custo baixo de produção foi a utilização do trabalho escravo. No caso de Portugal essa situação era agravada pelo fato de o país não possuir excedente populacional que pudesse suprir a Colônia. Além disso, os baixos salários não estimulavam a vinda de colonos para o Brasil.
Assim, os portugueses, que já exploravam o mercado africano de escravos, precisaram apenas ampliar o negócio, organizando a transferência dessa mão-de-obra para o Brasil. Ao contrário dos indígenas, os negros africanos já estavam habituados ao trabalho agrícola, ao pastoreio e à utilização de metais.
Na Colônia formaram então duas classes antagônicas: a dos senhores de engenho, vivendo na casa-grande, e a dos negros escravos, na senzala.
Mão-de-obra escrava negra: essencial para a sobrevivência da economia açucareira
"Os escravos são as mão e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho corrente". Essa afirmação foi feita por Antonil, em Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas, obra publicada em 1711. A frase expressa com grande realismo o papel do negro na sociedade brasileira.
No ano de 1550, chegou ao Brasil a primeira leva de escravos, que desembarcou em Salvador. No começo, eram trocados por cachaça, fumo, bugigangas, instrumentos de metal e outras quinquilharias. Os principais grupos negros trazidos para o Brasil foram os sudaneses, originários da Nigéria, Daomé e Costa do Ouro: os bantos, de Angola, Congo e Moçambique; e os malês, sudanezes islamizados.
Cerca de 40% dos negros escravis morriam durante a viagem nos porões dos navios negreiros. E, apesar da grande resistência dos que conseguiam desembarcar na Colônia, duravam como