A Escravidao Justificada
E disse: “Maldito seja Canaã!
Que ele seja para seus irmãos, o último dos escravos!”
E disse também:
“Bendito seja Iahweh, o Deus de Sem, e que Canaã seja seu escravo!
Que Deus dilate Jafé, que ele habite nas tendas de Sem, e que Canaã seja seu escravo!”
(Gen 9,25-27)
É comum olhar para o passado com os olhos do presente. Hoje em dia causa repulsa a escravidão negra ou qualquer tipo de escravidão, e a cultura judaico-cristã em que vive a sociedade ocidental, condena com veemência esta prática. Sendo assim, revolta quando os meios de comunicação divulgam a existência de trabalhos forçados ou em condições abjetas, a que são submetidos os trabalhadores rurais no Brasil, no ciclo produtivo do bio-combustível da cana-de-açúcar. Mas não foi sempre assim que se comportou a sociedade, e uma de suas principais instituições, a igreja cristã.
Estes mesmos canaviais já foram locação_emprestada esta palavra da arte cinematográfica, que tão bem arguiu esta questão_ para a mais extensiva prática de escravidão negra já ocorrida na América Ibérica, perpetrada pelo império português, continuada pelo recém inaugurado império do Brasil e corroborada pela igreja cristã militante, em especial os Jesuítas, com total apoio da sociedade colonial, com raríssimas exceções.
Como foi possível tamanho horror? Como podemos, hoje, entender que a posição da igreja cristã, em fase da escravidão negra, tenha sido altamente permissiva durante quase quatro séculos? Como mensurar o fato de que a igreja católica apostólica romana, tenha apoiado a escravidão negra, sustentado a sua expanção, possuido escravos negros, comercializado-os, e nutrido por eles um preconceito racial evidente, durante tanto tempo?
Para tanto, será necessário olhar o passado com os olhos do passado, investigar os instrumentos ideológicos que deram sustentação à escravidão, entender as idéias da sociedade escravista, e constatar a realidade de