A escravatura em Angola
Actualmente, aceita-se de modo consensual que a escravatura e trabalho forçado não raras vezes se entrelaçaram ou coincidiram num passado ainda não muito distante. A coerção para um ou mais contratos, em especial no tocante à extracção de trabalho, acompanhada da correlata diminuição da capacidade de determinação da sua vida pelos indivíduos dependentes, constituem parâmetros de identificação de modalidades de escravatura e de trabalho forçado. Num contexto colonial, os condicionalismos da coação da mão-de-obra tender a manter-se ao arrepio de enunciações ideológicas e de actos legislativos, o que cumpre realçar, não significa que vigorassem de forma linear ou total. Com efeito, mesmo em universos fechados, com as plantações e em época de vigência de escravatura e de trabalho forçado, encontram-se momentos de afrouxamento dos ritmos de trabalho e espaços de decisão dos trabalhadores sujeitos.
Numa perspectiva diacrónica, trataremos aqui sobre a complexidade dos contornos sociais e políticos da usura de braços africanos no contexto pré-colonial e colonial em África, sobretudo em Angola, bem como a abolição do tráfico de escravos, demanda igualmente redobradas cautelas quanto às suas análises e periodização.
1-A escravatura na época pré-colonial em África
Antes da chegada dos europeus já havia escravatura em África. Porem, existia uma grande diferença entre a escravatura praticada em África e escravatura praticado pelos europeus na época colonial que mais em diante iremos abordar.
Em africa, o escravo era acima de tudo um ser humano com direitos cívicos, e até podia possuir propriedade. Era integrado numa família, por isso, a escravatura era doméstica ou seja patriarcal e não comercial. Havia algumas razões que davam origem à escravatura. Por exemplo, quando alguém ficasse a dever e não pagasse a divida também podia tornar-se escravo. Por vezes, quando um tio, irmão da mãe, ficasse a dever a alguém e não tinha como pagar,