A escolarização da gramática
Nós vivemos em uma sociedade letrada, onde a escrita está presente a todo momento. Em décadas passadas, uma pessoa letrada seria aquela que possuía domínio da norma culta. Atualmente, a visão de letramento mudou consideravelmente, consistindo no processo de inserção nas práticas sociais de uso da leitura e da escrita, ou seja, ter a capacidade de participar das interações da sociedade em que os textos de diversos gêneros estão presentes.
Levando em consideração essas práticas sociais, notamos que a língua não é homogênea e que há consideráveis diferenças entre a língua falada e a língua escrita. Vemos a fala como algo espontâneo, dependente de um contexto, do qual é usado o tom de voz, além de gestos e mímicas. Já a língua escrita é descontextualizada, não sendo usadas formas fisiológicas, como as citadas anteriormente. Relacionado a este assunto, encontramos conseqüências relacionadas à oposição entre fala e escrita. Notamos uma visão preconceituosa a respeito da fala, onde são encontrados “erros” que são opostos ao que é citado na gramática normativa, ensinada nas escolas. Sendo assim, a escrita é idealizada, sendo tido como um modelo de utilização correta da língua falada. Sabemos que, na prática, isso seria impossível de acontecer.
“A escrita seria um modo de produção textual-discursiva para fins comunicativos com certas especificidades materiais e se caracterizaria por sua constituição gráfica, embora envolva também recursos de ordem pictórica e outros (situa-se no plano dos letramentos). Pode manifestar-se, do ponto de vista de sua tecnologia, por unidades alfabéticas (escrita alfabética), ideogramas (escrita ideográfica) ou unidades iconográficas, sendo que no geral não temos uma dessas escritas puras. Trata-se de uma modalidade de uso da língua complementar à fala.” ( Marcuschi, 2001)
Quando pensamos em gramática, o que nos vem à cabeça são conjuntos de