A escola não é neutra
“Ela atua como um instrumento de dominação, funcionando como reprodutora das classes sociais, através de processos de seleção e exclusão dos mais pobres e, ao mesmo tempo, da dissimulação desses processos.” (Miranda, 2001). Contudo, esse papel não se realiza perfeitamente, pois a escola que atende às finalidades dos dominadores pode também representar um espaço vivo e dinâmico para os dominados.
Em nossa opinião, a escola tem três tarefas básicas a desempenhar a favor dos interesses das classes populares. Primeiramente, deverá facilitar a apropriação e valorização das características socioculturais próprias das classes populares. Em segundo lugar, e como consequência da primeira, a escola deverá garantir a aprendizagem de certos conteúdos essenciais da chamada cultura básica (leitura, escrita, operações matemáticas, noções fundamentais de história, geografia, ciências, etc.). Finalmente, deverá propor a síntese entre os passos anteriores, possibilitando a crítica dos conteúdos ideológicos propostos pela cultura dominante e a reapropriação do saber que já foi alienado das classes populares pela dominação. (Miranda, 1983, pág. 54-55)
O fato de essas funções não constituírem hoje uma prática concreta nas escolas, como enfatiza Miranda (2001), não impede de lançá-las como projeção daquilo que poderá vir-a-ser, um produto da vontade e ação humana.
É preciso reconhecer com profundidade os padrões de socialização da criança. Isso possibilitaria extrair os aspectos que irão direcionar a prática pedagógica e, até mesmo, aspectos que precisarão ser separados para que seja possível a tarefa da escola de assegurar ao aluno a aprendizagem de um conteúdo mínimo. (Miranda, 2001)
Na educação é possível distinguir duas concepções distintas de criança. Na pedagogia tradicional e na pedagogia nova. Ambas conservam a ideia de natureza infantil.