A Educação pela Pedra
Cada uma das séries é composta por 12 poemas, totalizando 48 poemas, de duas estrofes cada. O número de versos alterna-se, contendo as séries (A) e (B) 24 versos, enquanto (a) e (b) apresentam 16 versos. Divididos dessa maneira, impressionam pelo cálculo e destreza de antemão planejados pelo poeta.
Ao longo de toda a obra, a retomada de versos por outros poemas causa grande impacto. A reestruturação e o jogo de antagonismos desmascaram os sentidos habituais articulados às expressões, acontecimentos e elementos atualizados no dia a dia, como ocorre em “O mar e o canavial” / “O canavial e o mar”, “Comendadores jantando”/ “Duas faces do jantar dos comendadores”, “Nas covas de Baza”/ “Nas covas de Guadix” e “Coisas de cabeceira, Recife”/ “Coisas de cabeceira, Sevilha”.
A dualidade semântica está diretamente ligada à dualidade ornamental da estrutura do poema, que parece se repetir e se reconfigurar. Toda a composição dos versos, estrofes e esquemas de significados são tirados de materiais ordinários, “antipoéticos”, como urubus, feijões, hospitais e moléstias.
O livro A Educação pela Pedra, apesar de apresentar-se tematicamente disperso (uma série de poemas aparentemente desconexos e de assuntos diversos), apresenta uma unidade estrutural marcante, crucial para sua compreensão. Cabral vale-se da recorrência do número dois e seus múltiplos, dividindo os poemas em quatro séries: Nordeste (a), Não-Nordeste (b), Nordeste (A) e Não-Nordeste (B). Os poemas que não versavam sobre o Nordeste,