A educação brasileira progressista
Um dos poucos pensadores anarquistas atuais preocupado com a educação, Tragtenberg; diz-nos que a burocracia escolar é poder, repressão e controle, e que esta situação perverte as relações humanas, gerando o conformismo e a alienação.
As relações entre professores, alunos, funcionários, diretores e orientadores no espaço da escola reproduzem, em escala menor, a rede de relações que existe na sociedade.
Na atualidade a prática de ensino em sua essência reduz-se à vigilância, embora, o aluno nunca deva saber que está sendo observado, mas deve ter a certeza de que poderá sempre sê-lo. O acompanhamento rigoroso da presença de alunos em sala de aula constitui uma técnica de controle pedagógico burocrático por excelência herdada do presídio.
No seu processo de trabalho o professor é submetido a uma situação idêntica à do proletariado. É o professor que julgar e avalia o aluno, para cumprir essa função, ele é inspecionado, é pago por esse papel de instrumento de reprodução e exclusão. A própria organização em sala de aula nos lembra duma linha de montagem industrial, configurada a relações saber/poder e dominante/dominado.
O poder do professor manifesta-se através do sistema de provas e exames, mas dessa forma, a avaliação deixa de ser um instrumento e torna-se um fim em si mesmo. A prova só prova que o aluno sabe fazê-la, não prova seu saber.
A possibilidade de desvincular saber de poder, no plano escolar, reside na criação de estruturas de organizações horizontais em que professores, alunos e funcionários formem uma comunidade real.
Sem escola democrática não há regime democrático, portanto a democratização da escola é fundamental e urgente, pois ela forma o homem, o futuro cidadão.
David Roger