A Dimensão Social Sociedade de Massas
A noção de “sociedade de massa” apresenta uma ambiguidade fundamental. “Massa” pode tanto se referir ao significado de uma multidão não organizada ou em dissolução quanto simplesmente como sinônimo de grande número. Ambas defendidas pelos novecentistas conservadores, mas cada qual seguindo uma linha de reflexão teórica – a análise das características e tendências da sociedade democrática e o estudo das formas e consequências do comportamento coletivo anômalo.
Mais especificamente, pode-se distinguir em três vertentes principais. Em primeiro lugar, a vertente cujas implicações são nitidamente sociológicas, aquela que procura descortinar as características estruturais das formações sociais modernas. Em segundo lugar, há uma concepção similar que dá mais importância ao comportamento dos integrantes da massa, sendo ambas de fundo político. A terceira é dada pela crítica conservadora, de cunho cultural sem deixar de ser uma perspectiva política, visto que aborda problemas contemporâneos informados pela concepção aristocrática da história da cultura. Essa última horroriza-se diante da ascensão das massas e da presumida iminência de regimes despóticos, sendo nessa vertente que o uso dos termos “elite” e “massa” aparecem de modo cru. Todas demonstram preocupação com o confronto direto entre o aparelho estatal e a parcela majoritária da população.
Tocqueville, teórico da primeira vertente, afirma que as preocupações das sociedades democráticas não se dão sobre uma forma de governo, mas sim sobre uma modalidade de organização social – em outras palavras, a opinião pública exerce uma maior pressão. Ele descreve o fenômeno do totalitarismo antes mesmo que o termo “totalitarismo” existisse, definindo-o como uma espécie de opressão que ameaça nações democráticas e diferente de tudo que jamais existiu antes. Durkheim posteriormente contribui para a cristalização dessa ideia, mas concentra-se nas formas de ordenação consensual da