DOS MEIOS ÀS MEDIAÇÕES - COMUNICAÇÃO, CULTURA E HEGEMONIA
O livro pode ser lido dentro de uma perspectiva vinculada à área dos estudos em comunicação. Diria que este tem sido o destino privilegiado das idéias de Martin Barbero. Talvez sua militância em organismos como a FELAFACS (Federação Latino-americana das Faculdades de Comunicação Social) e sua permanência em Cali durante muitos anos junto a uma faculdade de comunicação tenham contribuído para isso. Daí, na orelha do livro, Muniz Sodré se referir à importância do autor inclusive na revisão dos currículos dos cursos de comunicação.
Mas o leitor atento perceberá que dificilmente "Dos Meios às Mediações" poderia se restringir a esta dimensão. Os temas tratados -populismo, modernidade, teatro popular, melodrama, romantismo, cultura popular, técnica- integram uma perspectiva abrangente que talvez fosse mais apropriado denominar como uma "sociologia da cultura". Claro, desde que a entendêssemos não como uma especialidade, mas o cruzamento de domínios variados: econômico, político e social.
Chama a atenção no livro de Martin Barbero sua preocupação pela história. Tanto os gêneros literários, atualizados no cinema latino-americano ou nas radionovelas quanto as teses do populismo só adquirem inteligibilidade quando percebidos ao longo da história. Neste sentido Martin Barbero traça em seu livro um amplo panorama histórico-sociológico da cultura na América Latina. Panorama que se volta, porém, para um espaço específico, a "cultura de massa", lugar no qual se produzem a hegemonia e as lutas políticas no contexto do mundo contemporâneo.
"Dos Meios às Mediações" possui uma tese formulada no próprio título do livro. Martin Barbero quer escapar de duas leituras predominantes entre aqueles que se interessam pela temática da "cultura de massa". A