Graduanda
O conto africano analisado passa-se em meio à guerra e relata a vida do cego Estrelinho em companhia de seu amigo-guia Gigito. A guerra é abordada por Mia Couto de forma indireta por meio da relação fraterna dos personagens. Gigito, sendo os olhos do cego Estrelinho não descreve os horrores do conflito, mas com olhar utópico expõe o mundo que gostaria de ver.
Quanto à construção de linguagem do conto, o autor utiliza neologismos, criando palavras e expressões novas como maravilhação por exemplo.
O conto em sua estrutura apresenta três grandes momentos, em sua introdução descreve os personagens e seus conflitos, chega ao clímax com a separação entre o cego e seu amigo-guia, após a convocação deste para a guerra, seu lugar junto a Estrelinho passa a ser ocupado por sua irmã Infelizmina. O desfecho apresenta o envolvimento entre o cego e Infelizmina após a notícia da morte de Gigito. Neste momento Estrelinho passa a ocupar o lugar de guia, uma vez que ajuda Infelizmina a superar a morte do irmão, mostrando-lhe o mundo da mesma forma idealizada que aprendeu com Gigito.
Analisando o foco narrativo encontramos um narrador onisciente, em terceira pessoa, que não participa dos fatos, mas conhece toda a história e o pensamento dos personagens.
A alteridade é a marca de todos os personagens, visto que são empáticos, ou seja, colocam-se um no lugar do outro. Observamos isso quando Gigito se propõe a guiar o cego e posteriormente quando Infelizmina, após a morte do irmão, se oferece para ser os olhos de Estrelinho e ao término do conto quando Estrelinho ampara Infelizmina, numa inversão de papéis.
Mia Couto utiliza em suas prosas uma escrita informal, traduzindo a linguagem falada. Sendo assim, o conto “Cego Estrelinho” possui um vocabulário característico da literatura africana.