A difícil arte de interpretar o contexto
Ano após ano, as estatísticas têm mostrado que, na contramão do analfabetismo, é cada vez maior o número de brasileiros analfabetos funcionais, ou seja, pessoas que sabem ler e escrever (“juntar” as letras), mas não conseguem estabelecer as relações de sentido entre as palavras e as frases e interpretar o que há por trás delas, o contexto em que se inserem e a intenção de seu autor.
Num recente ranking sobre “interpretação de texto” feito pela Unesco, o Brasil ficou na última posição, o que se consolida como mais uma vergonha nacional. Quando se fazem as perguntas e se “buscam” as respostas, invariavelmente a causa primeira de tudo isso se encontra na escola e, mais especificamente, na sala de aula; portanto, como toda sala de aula tem um professor, de quem é a culpa? Adivinhem...
Ele não deixa de ser responsável, sim, por essa questão, mas é uma figura extremamente solitária para agir como é necessário. Existem as leis, o diretor, os pais, depois é que vem a sua autoridade. Mas o que a leitura tem a ver com tudo isso? Tudo.
Quando um professor resolve que seus alunos devem ler este e não aquele livro, já “surrado”, porém “um clássico”, nem sempre pode levar em consideração o conteúdo e o que dele se pode extrair numa discussão com a sala, mas interferem também a imposição do diretor, do psicólogo, da religião do aluno e de seus pais, a “influência” das editoras, e otras cositas más, que não valem a pena citar.
A verdade é que o hábito da leitura é como a boa educação: deve vir de casa, mas, como muitas famílias não cumprem esse papel, seja por que motivos forem, acaba “sobrando” para a escola.
Ler, como qualquer outro exercício, é hábito. Uns podem ler mais; outros, menos. O fato é que a leitura exige vontade de aprender e saber mais, exige curiosidade, coisas que se podem ensinar e aprender, daí a responsabilidade maior da família. Como também a leitura “força” a pensar, é natural que a maioria
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