Artes
No século XVIII começou a se consolidar a estética como um elemento-chave para a definição de arte como hoje a entendemos - a despeito da vagueza e inconsistências do conceito. Até então toda a arte do ocidente estava indissociavelmente ligada a uma ou mais funções definidas, ou seja, era uma atividade essencialmente utilitária: servia para a transmissão de conhecimento, para a estruturação e decoração de rituais e festividades, para a invocação ou mediação de poderes espirituais ou mágicos, para o embelezamento de edifícios, locais e cidades, para a distinção social, para a recordação da história e a preservação de tradições, para a educação moral, cívica, religiosa e cultural, para a consagração e perpetuação de valores e ideologias socialmente relevantes, e assim por diante.13
Esta mudança de paradigma estava ligada a transformações culturais desencadeadas pelo cientificismo e pelo iluminismo. Estas correntes de pensamento passaram a defender a tese de que a arte não era uma ciência, não podia descrever com exatidão a realidade, e por isso não poderia ser um veículo adequado para o conhecimento verdadeiro. Não sendo uma ciência, a arte passou para a esfera da emoção, da sensorialidade e do sentimento. A própria origem da palavra estética deriva de um termo grego que significa sensação. Em trabalhos de Jean-Baptiste Dubos, Friedrich von Schlegel, Arthur Schopenhauer, Théophile Gautier e outros nasceu o conceito de arte pela arte, onde ela tinha um fim em si mesma, despojando-a de