a destruiçao da metafisica
Márcia de Sá Cavalcante Schuback. ISBN: 85-7316-150-7
Gadamer afirmou alguma vez que não existe a possibilidade de a filosofia ocidental mover-se fora da metafísica. Não existiria, segundo ele, uma outra linguagem. Mas mesmo assim, ele não sabe ao certo como falar hoje desse assunto ou o que hoje ainda seria metafísica (Gadamer, Obras, vol. 10, p. 108). Esse questionamento lhe vem de Heidegger e a afirmação que explícita é dirigida contra aqueles que interpretam de modo equivocado o que o filósofo diz da destruição, da superação e do fim da metafísica.
O processo de superação da metafísica, que toma como fio condutor a questão do tempo, baseia-se num critério para decidir o que é uma questão metafísica. Esse critério recebeu uma interpretação redutora na analítica existencial. Deixando de lado os problemas não respondidos, o que nos importa aqui é chamar atenção para o modo como Heidegger interpreta as obras da filosofia ocidental. As grandes obras do filósofo, que despontam com a edição da obra póstuma, são, na sua maioria, interpretações de textos de pensadores da metafísica ocidental e representam etapas de seu projeto de destruição, anunciado em Ser e tempo.
Poder-se-ia esperar das incursões heideggerianas na história da metafísica uma espécie de explicitação conceitual do conteúdo dos textos clássicos, feita por um grande conhecedor. Ou, talvez, nutríssemos a expectativa de encontrar nelas introduções a esses filósofos. Ocupando o lugar de intérprete, Heidegger, no entanto, não se dedica a uma atividade analítico-crítico-elucidativa que reduziria os textos filosóficos a meros objetos da lógica e da análise da linguagem. O filósofo não despreza os elementos crítico-formais, mas esses estão a serviço de uma dimensão substantiva: "Ainda não foi decidido que a lógica e suas regras fundamentais possam servir de critério para a questão sobre o ente como tal" (Introdução à metafísica, Tempo brasileiro, p. 54).
Para Heidegger, a questão