teleologia
A idéia de teleologia aponta para uma finalidade. Ao constituir-se como uma teoria do sentido, nas Ciências Sociais e Humanas, a teleologia remete para uma finalidade da acção humana, atribuindo-lhe assim um fundamento. Este entendimento do sentido da acção histórica prolonga a tradição filosófica ocidental, que se organiza em torno da procura da verdade. Neste paradigma, razão e verdade fazem um caminho comum: instância soberana de decisão, a razão é una; por sua vez, a verdade é única e eterna.
Em larga medida, a retórica da vida intelectual contemporânea mantém como evidente que a finalidade da pesquisa científica, cujo objecto é o Homem, consiste em compreender as "estruturas subjacentes", os "invariantes culturais" ou os "modelos biologicamente determinados". De alguma maneira, as ciências sociais e humanas confirmam "a determinação do ser como presença" e a ideia de "objectividade científica" é apenas mais um daqueles nomes que, ao longo da História, designaram a invariância de uma "presença plena" (de um fundamento): essência, existência, substância, sujeito, transcendência, consciência, Deus, Homem... Em todo o caso, é a ideia de fundamento, como presença plena e como lugar natural e fixo, que permite a projecção de um sentido teleológico, cuja origem pode ser desocultada na forma de uma arqueologia e cujo fim pode, igualmente, ser antecipado na forma de uma escatologia.
Foi, no entanto, Nietzsche quem, no século XIX, contrariou, antes de qualquer outro, o paradigma fundacionista e teleológico. Nietzsche esforça-se, com efeito, por emancipar o pensamento, ou melhor, a nossa maneira de pensar, daquilo que chama de metafísica. E o que é a metafísica, para Nietzsche? É um princípio, que prevaleceu de Platão a Schopenhauer, segundo o qual pensar é, para os homens, descobrir o "fundamento" que lhes permita falar de acordo com o verdadeiro e agir de acordo com o bem e com o justo.
Ora, para Nietzsche, nada há "de acordo com", uma vez que nada