A Cultura Popular Na Idade M Dia
Detalhe do quadro de Peter Brueghel: A “luta” entre o alegre carnaval e a triste quaresma.
O estudo do período medieval é comumente marcado pelo velho conceito de que a humanidade sofreu “mil anos de trevas”. Esta alegoria, na verdade, marca notoriamente a constituição de uma perspectiva história formulada por alguns pensadores renascentistas que criticavam a valorização das concepções religiosas medievais. Entretanto, diversos livros didáticos insistem em destacar que essa concepção é enganosa.
Essas obras didáticas costumam assinalar algumas manifestações culturais que colocariam a Idade Média enquanto um período onde podemos enxergar a franca produção de movimentos artísticos e conhecimento científico. Dessa forma, existe um destaque comum ao desenvolvimento das universidades medievais, a riqueza estética do estilo arquitetônico gótico e a ascensão da filosofia escolástica. Entretanto, mesmo com estas demonstrações históricas, um outro traço da cultura medieval continua ignorado.
A princípio, a constatação de tais práticas culturais reinterpreta a cultura medieval, mas ainda preserva uma visão bastante excludente. O saber científico das universidades e a criatividade dos movimentos estéticos, em momento algum, se aventuram em dizer se, por acaso, houve algum tipo de manifestação cultural popular na Idade Média. Dessa maneira, a classe servil continua a ser representada como a população subserviente destinada a trabalhar e se submeter às imposições do clero e da nobreza.
No entanto, caso o professor queira trabalhar essa questão em sala de aula, pode utilizar de algumas fontes de trabalho bastante interessantes. Para isso, recomendamos expressamente a leitura do capítulo introdutório da obra “A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento – O contexto de François Rabelais”, do pensador russo Mikhail Bakhtin. Nesse livro ele cita importantes manifestações populares contidas nas festas carnavalescas que marcaram o