A critica feminista à modernidade
PROJETO FEMINISTA NO BRASIL DOS ANOS 70 E 80
DANIELA MANINI
A crítica feminista à modernidade é um debate recente em torno do qual têm sido feitos vários estudos voltados para a análise da emergência do discurso feminista em um cenário político-cultural masculino. Estes estudos mostram de que maneira as mulheres, ao procurarem fazer valer seus direitos, suas atitudes e capacidades dentro de uma cultura predominantemente masculina e misógina, promovem uma imensa crítica cultural que questiona os tradicionais valores do Sujeito, da Razão e do Conhecimento e apontam para a análise e valorização de uma cultura feminina. Neste aspecto, os estudos sobre o feminismo e a modernidade aproximam a prática feminista do pensamento pós-moderno, que propõe a desconstrução dos tradicionais sujeitos histórico, político e social e promovem a análise dos grupos sociais historicamente excluídos.
Neste artigo, procuro apontar para uma questão bastante controversa, tendo em vista levantar algumas questões e enfrentando o desafio de abordar um assunto muito polêmico. Questiono em que medida o feminismo se constitui enquanto crítica da modernidade, quais os pontos de convergência entre o pensamento feminista e o pós-moderno e qual o projeto feminista no Brasil dos anos 70 e 80, visando a estabelecer de que maneira esse movimento social promove sua crítica no espaço brasileiro.
Privilegio esse momento pois, apesar de reconhecer que as questões de gênero sempre permearam os acontecimentos históricos, entendo que é a partir daí que o feminismo emerge enquanto crítica nova da modernidade, na medida em que aponta para uma nova forma de fazer política, ao propor a
"politização do cotidiano".
Esta expressão foi proposta pelo filósofo francês Michel Foucault ao desconstruir a idéia de que o Estado seria o órgão central e único de
A Crítica Feminista à Modernidade
poder e afirmar que existem formas do exercício do poder