A crise petrolifera mundial
O governo Clinton decidiu disponibilizar 30 milhões de barris do seu estoque estratégico no mercado norte-americano para evitar um aumento maior no mercado futuro do petróleo, que na semana passada tinha alcançado US$ 37,80 para o WTI, isto é, mais do que o dobro do preço vigente em 1997/99.
Para o Brasil é importantíssimo não somente entender a crise, mas tomar medidas que neutralizem os seus efeitos danosos para a nossa economia, pois ainda dependemos da importação de cerca de 30% do petróleo e gás natural que consumimos diariamente.
Os 30 milhões de barris disponibilizados pelo governo norte-americano representam menos de dez horas do consumo mundial -ou menos de dois dias do consumo norte-americano. A excessiva dependência energética de hidrocarbonetos, petróleo e gás natural, apesar de os países desenvolvidos haverem diminuído o consumo diante do crescimento da economia, vai sempre ameaçar a estabilidade da economia mundial e afetar de forma mais contundente os países menos desenvolvidos, como o Brasil, que, para cada ganho adicional de sua economia, necessitará de mais energia do que os países desenvolvidos. Assim, o consumo mundial de petróleo e gás natural tem crescido muito no Brasil e em outros países emergentes. Em outras palavras, a atual crise afeta muito mais o Brasil do que os Estados Unidos, a União Européia e o Japão.
As duas crises anteriores tinham, além dos componentes típicos do mercado, dois aspectos de suma importância. O primeiro era o aspecto político resultante da Guerra Fria, o conflito entre Israel e os países árabes no Oriente Médio, onde está a maior reserva de petróleo e gás natural do mundo. Felizmente o mundo bipolarizado, sob a liderança de duas potências nucleares, não existe mais. Os últimos países comunistas, como China, Cuba e Coréia do Norte, estão adotando o capitalismo com grande entusiasmo e estão, certamente, acompanhando o mercado futuro do petróleo com a mesma aflição que nós, pois esses