A crise do paradgma dominante
A quebra na confiança epistemológica do paradigma dominante é produzida por uma pluralidade de fatores. O grande avanço que o conhecimento científico possibilitou é, paradoxalmente, um fator significativo nessa ruptura. A identificação das limitações, a insuficiência estrutural do paradigma científico construído pela modernidade iluminista foi possível graças ao grande avanço no conhecimento que ele próprio proporcionou.
A descoberta e a formulação de um conjunto de leis da natureza, um dos pilares que se assenta o modelo científico moderno, se deram “reconhece-se hoje, obrigam a separações grosseiras entre os fenômenos, separações que, aliás, são sempre provisórias e precárias uma vez que a verificação da não interferência de certos fatores é sempre produto de um conhecimento imperfeito, por mais perfeito que seja”. (Santos, 2003a, p. 51). A lei tem caráter probabilístico, aproximativo, e, acima de tudo, realizam uma simplificação mutiladora da realidade que afastam a possibilidade de consideração de outros conhecimentos da realidade tão ou mais úteis para o ser humano, do que aqueles que ela enuncia. Dessa maneira sendo um conhecimento que não compartilha com muitos outros saberes acerca da realidade, o conhecimento científico da modernidade “é um conhecimento desencantado e triste que transforma a natureza num autômato.
O modelo científico instrumentalista do paradigma dominante fundado no rigor matemático “é um rigor que quantifica e que, ao quantificar, desqualifica, um rigor que, ao objetivar os fenômenos, os objetualiza e os degrada, que, ao caracterizar os fenômenos, os caricaturiza”.
O conhecimento na perspectiva do paradigma científico dominante ganha em rigor, mas perde a possibilidade de compreensão do mundo e do valor humano nele contido. Essa crise, no entanto não joga a ciência no abismo nem as pessoas na desesperança de seu cotidiano. Ao contrário, prenuncia a chegada de um conhecimento como “uma aventura