A crise do estilo de vida no mundo contemporâneo: a boa vida e como devemos vivê-la.
No mundo contemporâneo o estilo de vida entrou em crise. Os valores da modernidade, as tradições, as crenças, as verdades e as formas de conduta se relativizaram. Essa relativização aconteceu por causa do avanço do progresso do pensamento e do conhecimento técnico e científico. Vivemos numa época onde as instituições e os códigos sociais e morais não podem mais determinar os modos de vida. Não há mais grupos de referências que poderiam servir de modelos para guiar nossa existência. Nosso estilo de vida não depende mais de uma autoridade, de uma prática tradicional, de uma meta transcendente ou de um dogma religioso. O lado sombrio disso, segundo Anthonny Giddens, é o aumento das dependências e compulsões, como o alcoolismo e as drogas. “Podemos ser viciados em trabalho, em exercícios, comida, sexo – ou até em amor. Isso ocorre porque essas atividades, e outras partes da vida também, estão muito menos estruturadas pela tradição e o costume do que eram outrora” (Guidens, 2006, p.56). Apesar desse diagnóstico sombrio trataremos de demonstrar que essa crise do estilo de vida não é um mal, mas uma promessa de felicidade, de autonomia, de liberdade e de um futuro mais pleno para o ser humano. Hoje podemos ter um estilo de vida mais autônomo, mais aberto e reflexivo. A responsabilidade por nossa vida cabe a nós. “Ali onde a tradição declina, e a escolha do estilo de vida prevalece, a individualidade não fica isenta. O senso de identidade tem que ser criado e recriado de forma mais ativa que antes” (Guiddens, 2006, p. 57). Mas essa crise no estilo de vida, essa liberdade e autonomia que experimentamos no mundo contemporâneo é bastante recente. Os antigos e os medievais nunca as experimentaram, nunca foram verdadeiramente livres.
Os antigos gregos pensaram sua existência e ordenavam sua vida a partir da ideia de Cosmo, cujo significado grego é ordem. O mundo