A Crise Da Nike
A reestruturação da Nike não foi motivada exatamente pela crise financeira internacional. Ela começou a ser colocada em prática ainda em 2006, quando a empresa passou a enfrentar uma concorrência feroz em todos os seus mercados e não pôde se dar ao luxo de ficar para trás na corrida da inovação ou da percepção de tendências. Parker sabe que as duas maiores crises da história da Nike aconteceram quando ela não conseguiu fazer isso. Em 1983, a companhia ignorou a onda da aeróbica nas academias e viu sua rival Reebok dominar esse segmento. Em pouco tempo a concorrente assumiu a liderança no mercado americano e, em 1987, ultrapassou a Nike em vendas. O jogo só começou a ser virado após o sucesso da campanha estrelada por Michael Jordan.
A segunda crise ocorreu no final da década de 90. A empresa não percebeu a tempo a queda de demanda por tênis caros no mercado americano e ainda foi atingida por acusações de uso de trabalho infantil nas fábricas subcontratadas na Ásia. As vendas, que haviam dobrado, entre 1994 e 1997, para US$ 9,2 bilhões, estagnaram, e em 2000 haviam recuado para US$ 9 bilhões. A recuperação passou por uma transformação profunda na liderança da companhia, com a contratação de vários executivos de fora e a criação de um código de responsabilidade social. Ainda hoje a empresa mantém uma equipe de 70 profissionais dedicados exclusivamente a monitorar as fábricas dos terceirizados.
O cenário atual não chega a ser ameaçador. De 2004 a 2008, a Nike ampliou seu faturamento a uma média de 12% ao ano. Além disso, sua maior rival, a Adidas, enfrentou nesse mesmo período as dores da incorporação da Reebok, que comprou em 2005, sem ter conseguido até agora materializar a prometida ameaça de tomada da liderança, ainda em poder da Nike, com uma participação de 35% ante 22% da concorrente. Apesar disso, não faltam desafios. Entre setembro e novembro passados, o faturamento global caiu 4% e, no trimestre anterior, a queda foi maior: 12% – ou 7%,