A Criação das Identidades Nacionais
Nacionais
Thiesse – Texto 11
Fabricação das línguas nacionais
• Maioria das atuais línguas nacionais europeias surgem apenas no séc. XIX. Antes disso, em cada população coexistiam línguas com expressão escrita e estatutos diferentes: línguas de corte, línguas de criação literária ou filosófica, línguas do ensino religioso, etc.
• No seio do mesmo Estado, as funções não coincidem necessariamente.
Por exemplo, nos Estados alemães protestantes, a língua do ensino religioso e ensino primário era o alemão, o ensino secundário privilegiava o latim, e a língua de corte e da expressão cultural era, na maioria das vezes, o francês.
• Em 1784, José II, numa tentativa de modernização, anuncia o alemão como a língua administrativa do Império dos
Habsburgos. José II defronta-se com violentas oposições contra o que surge como uma germanização forçada.
• A imprensa, uma das mais antigas formas de produção capitalista, foi obrigada a investir no mais recente, e muito mais vasto, mercado dos monoglotas, sendo que o impacto da Reforma acentuou esta expansão nas línguas vernáculas.
O desenvolvimento das línguas escritas vernáculas através da imprensa teve consequências importantes na tomada de consciência nacional.
• Com efeito, quando a ideia nacional se difunde pela Europa, passamos da afirmação
«A nação existe porque possui uma língua» para uma formulação completamente diferente: «A nação existe, logo é preciso darlhe uma língua».
• A monarquia francesa, é certo, impusera precocemente o francês nas actas administrativas, contudo, os sucessivos soberanos não acharam de grande utilidade obrigar o resto da população a falar francês. A proclamação da República alterou radicalmente esta perspectiva: falar a «língua do rei» era, para os notáveis, uma questão de educação e de opção; para os cidadãos, falar a língua da nação era entendido como um dever.