A criação da identidade nacional no governo Getúlio Vargas decorrente da concepção do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)
Thaysa Zeni de Araújo
A Era Vargas é um dos períodos que suscitam mais polêmica na produção historiográfica brasileira. Talvez não pudesse ser diferente, pois foram mais de dezoito anos de governo (somando-se os períodos de 1930-45 e 1951-54), em que muitas transformações estruturais ocorreram no ambiente político, econômico e cultural do país. Transformações estas que são comumente estudadas a partir de cinco elementos básicos: industrialização, nacionalismo, trabalhismo, populismo e autoritarismo. Para o bem ou para o mal, a figura de Vargas e o seu projeto político são julgados a partir da ênfase dada a cada um destes elementos, ou da relação existente entre eles. Também serão responsáveis por criar ou referendar juízos de valor contraditórios sobre Getúlio Vargas s distintas relações que o seu governo estabelecerá com diferentes setores, segmentos sociais e regiões do país.
Não queremos aqui polemizar se, no cômputo geral, Vargas foi bom ou ruim para o país; se o peso do desenvolvimento socioeconômico, da ampliação dos direitos sociais e trabalhistas, merece mais destaque do que as práticas autoritárias do período do Estado Novo; se Getúlio foi o “pai dos pobres” ou a “mãe dos ricos”; se o seu projeto nacionalista foi revolucionário ou conservador; se foi o defensor da soberania e da cultura nacional ou o perpetuador no Brasil do pensamento nazifascista. Todas estas discussões são muito profícuas, e há campo fértil entre os vários ramos da pesquisa científica para aprofundá-las. Nós aqui pretendemos analisar o contexto cultural do Estado Novo, e em especial a atuação do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), criado em 1939, tendo como foco principal de análise as políticas culturais vinculadas a este instituto.
Para Eric Hobsbawm, as nações e a identidade nacional são fenômenos duais, construídos