Imprensa
Imprensa e Estado Novo : relações ambíguas e o público como “massa”
“Era um alto negócio para os donos de jornais colaborar com a ditadura de Getúlio e não protestar contra a censura e todas as outras limitações impostas pelo regime. Os jorna is mantinham a qualidade, os diretores podiam pagar menos aos repórteres, as vendas permaneciam altas e não havia conflito com o governo” (Joel Silveira 1 ).
O período inaugurado em novembro de 1930 e que passou à história como
Estado Novo é marcado por ambigüidades também no campo jornalístico. Lembrado sempre, nos depoimentos dos homens de imprensa, como o momento em que os jornais tiveram sua liberdade inteiramente cerceada pela ação da censura e do Departamento de
Imprensa e Propaganda (DIP), criado em 1939, não se pode considerar de forma unânime que toda a grande imprensa sofreu negativamente com a ação política do período ditatorial de Vargas.
A complexidade das relações políticas, que se inicia com a coalizão de forças que assume o poder em 1930, se reflete na própria configuração do jornalismo do Rio de Janeiro, que funcionava nas cercanias do poder. Ainda que tenha havido a clara utilização dos meios de comunicação – inclusive os mais modernos, como o rádio – para atingir um público agora identificado como massa, houve também o alinhamento dos dirigentes das principais publicações com o regime. Ainda que tenha havido encampação de alguns periódicos, perseguição de outros tantos, houve mais proximidades, acordos e relações conjuntas entre os homens de governo e os homens de imprensa do que divergências.
Falar, portanto, da imprensa durante os quinze anos
em que Getúlio Vargas esteve à frente do Governo é falar das complexas relações de poder que se estabelecem, da questão do Estado, entendido de maneira ampliada, tal como concebeu Gramsci e, finalmente, compreender a formação de um pensamento que se construía como dominante nesse cenário e que será fundamental para a