A criança
* “Apesar de, tradicionalmente, o conceito de infância ser considerado como um estado natural, a separação entre a infância e a idade adulta é, culturalmente, construída e a sua evolução está relacionada com as necessidades sociais.”
(Prof. Augusto Pinheiro, dissertação de mestrado, 1994, pp. 53-77). * Etimologicamente, infância é originária do latim infans que significa aquele que não fala. * De acordo com este conceito, a criança é excluída do direito de ser considerada “sujeito”, pois é percebida sob a perspectiva do adulto. * Contudo, podem-se observar mudanças importantes e significativas no que diz respeito à concepção de infância no decorrer dos processos sociocultural, político, religioso e económico de cada época.
* “ (…) Crítias testemunha que a infância é, para os gregos, um período extraordinário para o aprendizado: 'é comum dizer que o que se aprende sendo criança fica de modo admirável na memória”. (Platão, Tímeo 26b).
* Para os clássicos Platão e Aristóteles, a criança possui aquilo que a espécie humana tem de mais negativo, como a emoção, as vontades e sensações, todas estas sobrepostas à razão.
* Os gregos não consideravam a infância como uma categoria etária especial. Para eles, as palavras que designavam esta fase poderiam ser aplicadas a qualquer pessoa que estivesse entre a infância e a velhice. No entanto, apesar de destacar a ambivalência das concepções gregas acerca da natureza da infância, eram um povo "apaixonado pela educação”.
* Posteriormente, os romanos valeram-se da ideia de escolarização do povo grego e ainda desenvolveram uma compreensão de infância que se sobrepõe à anterior. Foram os primeiros a estabelecerem uma relação entre a criança em crescimento e a noção de vergonha, conexão esta aceite pelos modernos.
* Deste modo, alcança-se uma