A cosa nostra e os negócios

Quando surgiu, na Ilha da Sicília, nos meados do Século 13, a entidade então batizada de Máfia ostentava uma precípua intenção: através de atividades secretas, organizar a expulsão dos invasores normandos que matavam os homens, violentavam as mulheres e aterrorizavam as crianças locais. Funcionou. Depois que os normandos partiram, porém, os líderes daquela entidade raciocinaram assim:

1. Vivemos em uma região sem governo e sem ordem. 2. Por falta de eficiência no campo, passamos fome. 3. Frequentemente somos invadidos por gente que nos considera frágeis e, assim, tenta se locupletar dessa impressão. 4. Ora, por quê não preservamos a estrutura que montamos na guerrilha contra os normandos? Só assim vamos evoluir.

Nasceu, daí, o conceito da “Cosa Nostra”. Cada parcela da Sicília teria o seu Capo e, a partir do Chefe, camadas e mais camadas de subalternos e de colaboradores com funções bem definidas. Quando houvesse um conflito, o Capo decidiria. A Ilha tinha peculiaridades e regionalismos que, eventualmente, poderia prejudicar o conjunto. E os líderes de cada parcela se reuniram numa espécie de convenção, e elegeram um board, presidido pelo Capo di Tutti I Capi. Sem dúvida, o mesmo conceito de uma holding e de suas empresas subsidiárias.

Essa estrutura funciona de maneira piramidal, e por capilaridade. Nem sempre é necessário que o Capo desça a pirâmide. Normalmente, quando se torna necessário um elogio ou uma punição, ele recorre a auxiliares de extrema confiança. Quem merece, recebe o seu prêmio. Quem não merece, ou trai o conceito, ganha uma penalidade. Claro que, pelo primitivismo e pela rudeza da história da “Cosa Nostra”, existe quem mate e quem morra. O Capo, no entanto, jamais se comprpmete pessoalmente. Prefere consumir o seu tempo com as suas conexões no poder político e judiciário, com outras Famílias, outras empresas.

Um Capo digno do nome nunca amedronta os seus subalternos e os seus colaboradores. Pelo contrário, tenta