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A contabilidade cai na real | Capital Aberto
A contabilidade cai na real
Lei nova revela informações preciosas sobre as companhias e afeta o trabalho dos analistas Por Yuki Yokoi
Repórter da Revista Capital Aberto desde agosto de 2006, é formada em jornalismo pela PUC-Rio. Entre 2002 e 2006 trabalhou como repórter do Jornal do
Commercio, com sede no Rio de Janeiro, cobrindo temas relacionados a finanças.
O primeiro ano no qual as companhias brasileiras tiveram de publicar suas demonstrações financeiras consolidadas de acordo com a
Lei 11.638 — criada para harmonizar as regras brasileiras com as internacionais
(International Financial Reporting Standards — IFRS) — mostra que a contabilidade, quem diria, ficou “interessante”. Diante de plateias um tanto céticas, era justamente isso o que sempre pregava um dos evangelizadores das normas internacionais no País, o doutor em ciências contábeis Nelson Carvalho, da
Universidade de São Paulo. A safra de balanços de 2008 comprova que o professor tinha razão. Informações inédi tas sobre as empresas começam a vir à tona. Mais do que expostas, as novidades se mostram relevantes.
O caso da Cesp, concessionária de energia elétrica de São Paulo, é um dos mais claros exemplos do impacto da linguagem internacional na percepção que analistas e investidores têm sobre as empresas. Para a elaboração do balanço do ano passado, assim como as demais companhias abertas brasileiras, a Cesp realizou o teste de “impairment” de seus ativos. Prevista no primeiro pronunciamento do
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) — órgão que edita as normas internacionais traduzidas para o Brasil —, a prática visa a assegurar que os ativos não estejam registrados contabilmente por um valor superior ao que seria recuperado através do uso ou da venda deles.
A reavaliação da Cesp evidenciou que cinco de suas seis usinas somam R$ 9,5 bilhões em valor recuperável. A cifra representa as receitas que as unidades são capazes de gerar; ou o montante